1904 - Rosa Luxemburgo e August Bebel - crédito Editora Dietz - Fundação Rosa Luxemburgo

O líder da classe operária alemã

Foto: 1904 – Rosa Luxemburgo e August Bebel – crédito Editora Dietz – Fundação Rosa Luxemburgo

Publicado na revista feminista Die Gleichheit (A igualdade), em homenagem à memória de August Bebel, o artigo recupera a história do socialismo na Alemanha, a qual se confunde com a trajetória de Bebel. A ideia central é que na figura de Bebel, a social-democracia alemã uniu reforma e revolução, realpolitik e princípios revolucionários.

Leia em PDF “O líder da classe operária alemã”


Adepta consciente e filha espiritual da concepção materialista da história, a social-democracia não reconhece nenhum culto dos heróis – nem sequer em relação a si mesma enquanto parcela do desenvolvimento histórico da sociedade. De um lado, a social-democracia é produto do desenvolvimento objetivo no âmbito do Estado de classes moderno, sendo a social-democracia alemã o produto específico do avanço poderoso da grande indústria, bem como do desenvolvimento da Alemanha enquanto grande nação no cenário político mundial. De outro, é produto da influência consciente do idealismo de incontáveis trabalhadores anônimos, de várias gerações de homens e mulheres, produto da ação de massas. Sem esses inúmeros anônimos, sem a obra consciente da massa, nem mesmo os líderes mais geniais seriam capazes de fazer da social-democracia o que ela é hoje: um poder de primeira grandeza na vida pública da sociedade moderna.

Mas também nesse contexto o caráter especial do partido confere já de saída um conteúdo determinado, assim como limites determinados, ao papel do líder na social-democracia. Por seus interesses muito próprios, os partidos burgueses estão condenados a realizar suas metas, sua política no sentido mais amplo, contra os interesses da massa do povo. Mas como, até certo grau, o apoio da massa é indispensável para a existência e a capacidade de qualquer partido burguês, o resultado é um duplo efeito. Os líderes dos partidos burgueses são tanto mais poderosos e influentes, suas ações tanto mais ousadas, generosas e eficazes, quanto mais os líderes são capazes de ludibriar a si próprios e às massas que os seguem em relação ao verdadeiro caráter de seus objetivos e às restrições históricas de suas tarefas. As classes burguesas forneceram seus maiores líderes durante a grande Revolução Francesa, aquela primeira luta de classes moderna cujas consequências históricas ficaram encobertas por uma névoa que brilhava nas cores do arco-íris das ilusões ideológicas. Quanto mais o autoengano e o engano das massas se tornam impossíveis pela progressão das coisas, mais os partidos burgueses decaem, e cai também o nível de seus líderes. Comparemos os gigantes da grande Revolução aos pigmeus da revolução de 18481 e, com eles, aos anões do campo burguês na Revolução Russa ou aos atuais líderes dos partidos burgueses na Alemanha, assim como em todos os países da Europa ocidental.

A social-democracia nada mais é do que a vanguarda do proletariado moderno que despertou para a consciência das condições históricas e dos deveres de sua luta de classes. Seu verdadeiro líder, na verdade, é a própria massa, dialeticamente entendida em seu processo de desenvolvimento. Quanto mais a social-democracia se desenvolve, cresce e se fortalece, tanto mais a massa trabalhadora esclarecida precisa a cada dia mais tomar as rédeas de seu destino, da condução do movimento geral, da determinação de suas linhas-mestras. Assim como a social-democracia como um todo é apenas o grupo de vanguarda do movimento da classe proletária, com metas claras – o qual, segundo as palavras do Manifesto Comunista, representa em cada momento particular da luta os interesses permanentes da libertação e os interesses do movimento como um todo em relação aos interesses particulares de grupo do operariado – , também no âmbito da social-democracia os líderes são tanto mais poderosos e influentes quanto mais clareza e consciência tiverem para serem apenas porta-vozes da vontade e do anseio das massas esclarecidas em luta, para serem apenas portadores das leis objetivas do movimento de classes.

Ao longo de sua trajetória, a social-democracia viu à sua frente muitas personalidades fortes e talentosas. Mas não houve ninguém que possuísse em tal medida e tão feliz mistura as precondições de um líder do moderno movimento proletário de classe como August Bebel.

Acima de tudo, a história da vida espiritual de Bebel equivale à história do desenvolvimento da social-democracia alemã. Nem Bebel aderiu pronto e maduro ao partido de classe do proletariado, nem a social-democracia era uma formação partidária madura quando ele entrou para suas fileiras. Bebel acompanhou toda a trajetória do partido desde os anos 1860, ascendeu de uma concepção burguesa-democrática à proletária-revolucionária junto com a vanguarda da classe operária alemã, participando de todas as lutas e crises internas e externas do jovem movimento partidário. Nas lutas iniciais entre os adeptos de Lassalle e os seguidores do congresso de Eisenach ele esteve na primeira fila.2 Na era das leis antissocialistas de Bismarck3, experimentou todos os seus sofrimentos e sacrifícios, assim como foi o porta-bandeira na campanha vitoriosa seguinte do movimento. O crescimento do partido em termos de organização, do início fraco até o poder e grandeza atuais, sempre aconteceu com sua colaboração ativa e determinante. A atuação parlamentar da social-democracia se desenvolveu, dos primeiros passos hesitantes no Reichstag da Alemanha do norte4 até os últimos anos, sob a liderança decisiva de Bebel, assim como as primeiras organizações sindicais dos participantes de Eisenach, no final dos 1860, nasceram sob sua influência e seu plano. E, finalmente, em todas as crises intelectuais, em todas as lutas de ideias do movimento, Bebel sempre esteve no foco da vida partidária, crescendo e amadurecendo junto com o partido: sendo um pedaço da social-democracia alemã, ele é, na mesma medida, seu produto e seu criador.

Por isso, sem falar das qualidades brilhantes pessoais de seu intelecto e de seu caráter, o verdadeiro segredo da grandeza de Bebel e de sua vida é o mesmo que explica a atual grandeza da social-democracia alemã. E como tudo o que é verdadeiramente grande, ambos os fenômenos são muito fáceis de serem explicados. A chave para compreender o desenvolvimento da social-democracia alemã, de seu tamanho atual e das imensas forças nela ocultas, que só desabrocharão no futuro, é a compreensão, tanto da relevância e da necessidade da incansável luta cotidiana prática por tudo aquilo que o proletariado pode atingir no contexto da ordem social vigente – uma luta, sem a qual o movimento social-democrata se transformaria num movimento de seita que flutua no ar –, quanto a compreensão da relevância e necessidade do fio condutor revolucionário para tudo que o partido faz ou deixa de fazer, que só pode surgir a partir de uma base teórico-científica coerente, sem a qual o movimento proletário oscilaria entre a praticidade reformista pequeno-burguesa e a aridez intelectual anarquista: a união da luta cotidiana atual com o princípio revolucionário, da prática com a teoria científica. E a mesma compreensão da necessidade e unificação da luta cotidiana prática com os princípios revolucionários do socialismo é a chave para a influência ímpar que Bebel exerceu ao longo de meio século sobre os desígnios da social-democracia alemã. Só porque, desde os primórdios de sua trajetória enquanto combatente do socialismo e até seus dias provectos, Bebel se manteve fiel às duas estrelas-guia do socialismo com a mesma firmeza, clareza e devoção, só porque, o tempo todo, mostrou a mesma compreensão tanto para as demandas da prática quanto para as da tática revolucionária baseada nos princípios, só porque jamais sacrificou um lado do movimento ao outro, porque o esforço cotidiano da luta árdua nunca lhe pareceu excessivamente árido ou pequeno para tirar da rocha de pedra da ordem burguesa algumas parcas gotas de consolo para as massas famélicas e sedentas, mas também porque a meta socialista final nunca empalideceu para ele como se fosse uma estrelinha distante e fraca, continuando a iluminar todas as veredas como um sol radiante e quente, só por isso Bebel pôde se tornar o líder adorado de milhões de pessoas. Milhares, depois centenas de milhares, por fim milhões de proletários alemães lhe renderam obediência e o seguiram porque Bebel foi capaz, como ninguém mais, de apreender a disposição ao combate e a tenacidade desses milhões para conquistar cada palmo de uma existência humana digna, bem como o seu idealismo revolucionário, emprestar palavras a essas virtudes políticas e transformá-las em ação.

Já desde meados dos anos 1860, diretor das associações de formação de trabalhadores na Alemanha, Bebel começa a atuar como organizador em grande estilo e político de calibre elevado. O proletariado alemão tinha acabado de conquistar sua arma política mais elementar, o direito ao voto para o Parlamento da Alemanha do Norte, quando Bebel é o primeiro a não apenas aconselhar, sem hesitação, o emprego dessa arma, contra a oposição de outros, como também ensina a usá-la, conquistando, assim, um imenso campo novo de trabalho prático para o proletariado. À mesma época, Bebel escreve a Albert Lange por ocasião do quinto congresso das associações alemãs de trabalhadores sobre a cisão interna inevitável: melhor dez associações confiáveis e seguras do que trinta hesitantes!5 Um ano mais tarde, num gesto decidido, Bebel separa o melhor núcleo dessas associações da entourage burguesa-democrática e funda, com Karl Liebknecht, o Partido Social-Democrata dos Trabalhadores.6 Quando, naquele mesmo ano, em razão das resoluções do Congresso da Internacional na Basileia, a questão da propriedade da terra ficou no fulcro do interesse e se tornou palavra de ordem do socialismo,7 quando tais resoluções do jovem movimento social-democrata atraíram o ódio mais ferrenho da burguesia, Bebel foi o primeiro do grupo de Eisenach a aderir abertamente à solução socialista revolucionária para a questão do solo, colocando-se, assim, ao lado da Internacional no sentido marxista.8

Desde o primeiro momento em que representou sozinho a social-democracia, e depois, como líder de um grupo crescente de parlamentares, Bebel levou adiante no Reichstag alemão a luta tenaz que travara antes no Parlamento da Confederação da Alemanha do Norte. Defendeu todas as melhorias para a situação dos trabalhadores, realizou todo tipo de política parlamentar que podia ser feita naquelas condições. Mas quando todos os abutres da reação burguesa se lançaram sobre a Comuna de Paris derrotada, Bebel desenrolou o estandarte revolucionário no parlamento alemão, exclamando: “… estejam convictos de que o proletariado europeu inteiro e tudo o que ainda traz no peito um sentimento de liberdade e independência está olhando para Paris… e mesmo se Paris, nesse momento, está sendo reprimida, quero lembrá-los de que a luta em Paris é apenas um pequeno combate de vanguarda, que o grosso ainda está por acontecer na Europa e que, em poucas décadas, a palavra de ordem do proletariado parisiense – ‘Guerra aos palácios! Paz para os casebres! Morte à necessidade e ao ócio!’ se tornará a palavra de ordem de todo o proletariado europeu”.9

Nessa oportunidade, Bebel já havia incorrido no crime que depois iria lhe render a ironia mordaz de professores burgueses arrogantes e a recriminação suave de alguns céticos do próprio partido, dizendo que ele “profetizava”. Quer dizer, já naquela época ele conferiu à fé inabalável na realização das metas finais socialistas – não na distância azulada da eternidade, e sim no futuro próximo mais ou menos palpável – a expressão clara ao falar de “poucas décadas” que ainda nos separam da batalha final entre trabalho e capital. O caminho histórico acabou se estendendo um pouco mais pelas planícies da sociedade capitalista do que parecia em 1871 para o olhar ousado de Bebel, assim como o caminho revelou ser mais longo do que haviam imaginado os autores do Manifesto Comunista uma década antes. O que ele acertou? Como a profecia de Bebel não nasceu a partir da impaciência agitada de um utopista político, e sim da fé revolucionária desse adepto da realpolitik nas metas e nos princípios de sua política, embora o começo do fim não tenha acontecido nas décadas seguintes, ele não caiu nos braços da desilusão e do desânimo, mas, pelo contrário, viu-se ainda mais fortalecido em sua crença. Depois de vinte anos, Bebel repetiu a mesma “profecia” com sua voz clara e metálica como representante máximo do partido no congresso de Erfurt: “Estou convencido de que a concretização dos nossos objetivos está tão próxima que poucos nessa sala não haverão de viver esses dias”.10 A ata do congresso do partido em Erfurt assinala que, ao escutar essas palavras, a plateia se “agitou”. Foi como se uma corrente quente e eletrizante de vida, idealismo, segurança ativa tivesse saído da boca de Bebel e contaminado a audiência. Mais tarde, acusaram Bebel, com a régua milimétrica na mão, de ter errado nos seus cálculos do comprimento do caminho até a entrada do portão socialista. Mas as massas proletárias esclarecidas, tanto na Alemanha quanto em outras partes, o entenderam do mesmo jeito. Também elas sentiram a “agitação”, uma corrente de fé vivificante e de segurança – não a segurança do agiota que insiste, obstinado, no prazo do pagamento acordado, segurando a promissória nos dedos magros, e sim a segurança do idealismo revolucionário, pronto a qualquer sacrifício e esforço, basta apenas ver brilhando diante dos olhos, a todo momento, o objetivo final inabalável.

Graças a essa firme fé socialista – uma fé, que não é religião, nem questão afetiva, e sim fruto maduro de uma convicção científica conquistada a partir de estudos aprofundados – é que Bebel foi capaz de ser a bússola que indica os rumos do partido em todos os momentos de sua história.

Vieram as leis antissocialistas e, com elas, um período de confusão na organização e nos espíritos. Alguns dos mestres superiores, que se mantinham livres da fraqueza do ato de profetizar e sorriam das profecias de Bebel, perderam o rumo. No partido ainda jovem e fraco, esmagado, num primeiro momento, pelo brutal choque com a reação, nasceu uma corrente perigosa que preferiria sacrificar o ponto de vista revolucionário de classes e, em seu lugar, pregar um tipo de socialismo burguês aguado e pasteurizado. Mais uma vez, Bebel ficou à frente daqueles que logo resolveram energicamente enfrentar esse perigo. “Entre os líderes, Bebel é aquele que melhor se comportou nessa questão”, escreveu Friedrich Engels a Friedrich Adolph Sorge em 1882. “Essa gente” – escreveu Engels, referindo-se a Viereck e outros11 – “quer a qualquer preço acabar com as leis antissocialistas com suavidade e serenidade, rastejando e mostrando mansidão, porque elas acabam com sua fonte de renda literária”.12 Logo se acabou o rastejar e a mansidão e logo o partido se encontrou naquela posição de luta altiva e áspera que correspondeu às palavras finais lançadas por Bebel ao rosto dos criadores das leis vergonhosas no Reichstag em 1881, ao iluminar a sua prática de três anos: “As suas armas irão se estilhaçar nessa luta como o vidro no granito!”13

As leis antissocialistas caíram, o cassetete da violência brutal destinado a acabar com o movimento de classe do proletariado foi jogado, em pedaços, aos pés da burguesia. E mais uma vez ocorreu uma crise intelectual nas fileiras da social-democracia, dessa vez, uma crise dupla. De um lado, a política do “rastejar e da mansidão” voltou a erguer a cabeça como sabedoria de estadista que, depois do restabelecimento obrigatório da existência legal da social-democracia, quis estender à “boa vontade” dos dominantes a “mão franca” do proletariado.14 De outro lado, cabeças anarquistas confusas não conseguiam se conformar com a mudança que agora se fazia necessária nos métodos de luta e acreditaram que, com a renúncia ao aparato externo do “revolucionarismo” também teria que se desistir do verdadeiro cerne revolucionário da luta social-democrática. Era importante preservar o partido do perigo oportunista de um socialismo de Estado bávaro15, bem como do risco anarquista do grupo denominado “Die Jungen” (“Os Jovens”)16, e mais uma vez Bebel estava na linha de frente, junto com Liebknecht, Auer, Singer, a fim de combater em duas frentes com seu temperamento fogoso, sua elasticidade juvenil e sua firmeza objetiva, a fim de restabelecer – entre a realpolitik prática e o objetivo revolucionário final – aquela proporção correta, aquele equilíbrio que forma a base existencial da social-democracia e o segredo de seu poder crescente.

Ainda não se passara uma década do desenvolvimento do partido sob as novas condições quando estourou nova crise interna no seio da social-democracia. Dessa vez, foi uma crise do crescimento, produto inevitável da extraordinária disseminação e fortalecimento do movimento depois da queda das leis antissocialistas. O desespero quanto à capacidade de realizar a meta final socialista, o ceticismo em relação à teoria científica do movimento, o anseio de se instalar no solo da sociedade atual se adensaram, mais uma vez, formando uma corrente clara dentro do partido. E logo Bebel assomou à frente, a fim de defender a tática revolucionária, o princípio socialista da luta de classes contra toda pusilanimidade. O congresso do partido em Hanôver sob a palavra de ordem de Bebel – “continuemos com a expropriação”17; o congresso do partido de Dresden com a resolução de Bebel que contrapunha um dique a todos os desvios da tática partidária do curso da luta revolucionária de classes; o congresso internacional de Amsterdã em que Bebel transformou a recusa decidida da social-democracia alemã ao oportunismo em princípio dos proletários esclarecidos de todos os países18; finalmente o congresso em Jena, em que a social-democracia alemã, liderada por Bebel, incorporou uma nova arma da luta de classes – a greve de massas – ao seu arsenal depois das experiências da Revolução Russa19 são os pontos altos e brilhantes, ao mesmo tempo na obra da vida de Bebel quanto na atuação da social-democracia alemã, como vanguarda da internacional proletária.

E assim a vida de Bebel é hoje, para o proletariado em luta no mundo, como um livro aberto em que se pode ler em cada página: só por meio da luta incansável, sem parar, que não teme sacrifícios nem esforços pelo mínimo que se pode conseguir em termos de resultados práticos palpáveis, na escaramuça política e econômica, na ação parlamentar e mediante todo tipo de pressão de massa, mas, ao mesmo tempo, apenas por meio da orientação contínua e firme de toda a linha de combate pela meta socialista final, a causa proletária poderá ir de vitória em vitória, apesar de todas as turbulências. Só mesmo com a manutenção leal e inabalável do antigo caráter revolucionário da luta de classes no meio da preocupação cotidiana conseguirá o partido do proletariado manter o frescor juvenil interno e a força vitoriosa que August Bebel conseguiu conservar a vida inteira, tanto nas vitórias como nas derrotas, tanto no crescimento lento quanto no rápido.

À memória de August Bebel

Die Gleichheit (Stuttgart), número especial de 1º de setembro de 1913

SAPMO-BArch, NY 4002/13, folhas 58 a 61

[Tradução: Kristina Michahelles]

* Publicado em Gesammelte Werke 7/2, Berlim, Dietz, 2017, p. 775-83. Em memória de August Bebel, falecido em 13 de agosto de 1913 em Passugg, Suíça, e enterrado no dia 17 de agosto de 1913 em Zurique. Rosa Luxemburgo foi uma das convidadas mais famosas da Segunda Internacional.

1 No dia 18 de março de 1848, trabalhadores, pequenos burgueses e estudantes de Berlim iniciaram a luta contra o exército prussiano, erigindo barricadas e infligindo uma derrota às tropas prussianas. Frederico Guilherme IV foi obrigado a retirar o exército de Berlim. O poder do governo passou para as mãos da burguesia liberal. No dia 8 de novembro de 1848 começou o golpe de Estado contrarrevolucionário na Prússia. Sob o comando do general Friedrich von Wrangel o exército marchou sobre Berlim. Apesar da dissolução militar da Assembleia Nacional, do desarmamento da defesa burguesa e da instauração do estado de sítio, a burguesia liberal não conclamou as massas populares revolucionárias à resistência ativa. Com a renúncia às posições conquistadas nos combates de março, a burguesia traiu a revolução. Rosa Luxemburgo se referiu repetidas vezes de maneira detalhada e crítica a esse fracasso do liberalismo.

2 A fundação da Associação Geral dos Trabalhadores Alemães (ADAV – Allgemeiner Deutscher Arbeiterverein) ocorreu em 23 de maio de 1863, quando os seguidores de Lassalle se formaram enquanto grupo. O Congresso de Eisenach aconteceu entre os dias 7 e 9 de agosto de 1869 com o nome oficial de Allgemeiner Deutscher Sozialdemokratischer Arbeiterkongress. Durante o encontro de Eisenach foi fundado o Partido Social-Democrata dos Trabalhadores da Alemanha (Sozialdemokratische Arbeiterpartei), sob a influência de Karl Marx e Friedrich Engels, com participação fundamental de August Bebel e Wilhelm Liebknecht.

3 Série de leis aprovadas pelo Reichstag alemão depois de duas tentativas de atentado contra o imperador Guilherme II. O objetivo era reduzir a crescente força do Partido Social-Democrata, responsabilizado de ter influenciado os autores dos atentados, Max Hödel e Karl Nobiling.

4 August Bebel foi o primeiro político dos trabalhadores revolucionários a ser eleito para o Parlamento da Confederação da Alemanha do Norte (Norddeutscher Reichstag). A constituição da Confederação da Alemanha do Ne todoorte foi aprovada em 16 de abril de 1867 e previu a eleição do Reichstag de acordo com o direito geral ao voto com eleição secreta.

5 Em sua carta de 22 de junho de 1868 a Friedrich Albert Lange, August Bebel escreveu: “Sabemos que poderá haver lutas duras, talvez e provavelmente até uma cisão. Mas não consideramos que isso seja um infortúnio, pois dez associações convictas e seguras são melhores do que trinta oscilantes ou que se prestam a rebocadores da burguesia”. Ver August Bebel, Ausgewählte Reden und Schriften, v.1, 1863-1878, org. Rolf Dlubek e Ursula Herrmann com a colaboração de Dieter Malik, Berlim, 1970, p.556.

6 O congresso fundador do Partido Social-Democrata dos Trabalhadores aconteceu de 7 a 9 de agosto em Eisenach.

7 O Congresso da Primeira Internacional na Basileia ocorreu de 6 a 11 de setembro de 1869. Durante o encontro discutiu-se a questão da propriedade fundiária e foi aprovada a resolução de que a sociedade tem o direito de abolir a propriedade privada da terra e transformá-la em propriedade social.

8 No dia 6 de junho de 1870, no congresso do Partido Operário Social-Democrata em Stuttgart, August Bebel fundamentara a necessidade de transformar a propriedade fundiária em propriedade coletiva, a fim de ganhar os camponeses como aliados da classe trabalhadora. Uma resolução nesse sentido foi aprovada durante o congresso.

9 Relato estenográfico sobre as negociações no Reichstag alemão, primeiro período legislativo, 1ª sessão 1871, v.2, Berlim, 1871, p.921.

10 Ata do congresso de Erfurt de 1891, p.172.

11 Louis Viereck, Wilhelm Blos, Bruno Geiser e Karl Höchberg, no âmbito de sua atividade jornalística, reivindicaram a renúncia da social-democracia ao seu caráter de classe proletária e sua transformação em um partido burguês reformista. No congresso do partido em São Galo, em 1887, Viereck e Geiser foram demitidos de seus cargos de confiança no partido.

12 Ver carta de Friedrich Engels a Friedrich Adolph Sorte, de 20 de junho de 1892. In: Obras Completas de Marx e Engels, v. 35, p.333.

13 Ver o relato estenográfico sobre os debates no Reichstag, 4º período legislativo, IV sessão 1881, v. 1, Berlim, 1881, p.658.

14 Referência ás chamadas “falas de Eldorado” de Georg von Vollmar, com os quais ele tentou justificar a sua tática oportunista nos dias 1 e 6 de junho de 1891 em Munique. Com sua reivindicação de iniciar a transformação gradual da sociedade capitalista por meio de reformas, ele pediu a renúncia à luta de classes revolucionária.

15 Em julho de 1892, Georg von Vollmar propagou a sua teoria do chamado socialismo de Estado, segundo a qual uma ampla estatização da economia capitalista significa uma gradual e pacífica virada para o socialismo. No congresso do Partido Social-Democrata alemão em Berlim, em 1892, havia sido aprovada por unanimidade uma resolução segundo a qual essa teoria foi desarmada como sendo incompatível com os deveres da social-democracia revolucionária.

16 “Die Jungen” foi um grupo de esquerda voltado contra a exploração geral das possibilidades legais para a atividade do partido e combatendo principalmente a tática parlamentar elaborada pelo partido, tentando obrigar o partido a adotar uma tática conspirativa. No congresso do partido em Halle, em 1890, as propostas do grupo foram rejeitadas por unanimidade. No congresso do partido em Erfurt, em 1891, os seus porta-vozes foram excluídos do partido. Eles fundaram uma organização própria, a União dos Socialistas Independentes, que não teve influência.

17 O congresso do Partido Social-democrata da Alemanha em Hanôver ocorreu de 9 a 17 de outubro de 1889, e no centro das discussões estava a luta contra as concepções revisionistas de Eduard Bernstein.

18 O congresso internacional dos socialistas em Amsterdã aconteceu de 14 a 20 de agosto de 1904 e aprovou a resolução do congresso de Dresden de 1903 com 25 votos contra 5, com 12 abstenções.

19 Ver a resolução de Bebel A greve política de massa e a socialdemocracia. In: ata do congresso de Jena, 1905, p.143.